Muita gente deve ter visto o título dos meus blogs e pensado: mas não era uma proposta sobre fluência no inglês? Por que esse papo todo sobre tecnologia, sobre política e cultura, até sobre segurança e paternidade? Qual é o sentido de falar sobre as ferramentas dos aplicativos quando eu quero aprender a me comunicar numa outra língua e preciso entender o básico?
Acho justo fazer uma pausa.
Tecnologia, política e cultura são assuntos realmente recorrentes aqui. Segurança é algo que abordo de vez em quando, e paternidade às vezes é necessário comentar, devido à cultura jovem. As ferramentas vão ensinar todos a navegar um mundo que passou para o digital a maioria das nossas eperiências.
Mas e a fluência?
Fluência e participação
Para fazer parte da vida de um país falante de inglês, você precisa entender tudo isso que foi citado. Imagine que você tenha entre 30 e 50 anos, e queira falar sobre o uso do TikTok. Isso faz parte de um debate da sociedade, em que o papel das grandes empresas de tecnologia está sendo questionado mais do que o conteúdo da plataforma propriamente dito. As empresas americanas pensam em banir o aplicativo, por conta do uso de dados de menores de idade.
Saber o que os seus filhos fazem na internet é importante. Saber como se comunicam também, além do que consomem. Mas existe uma diferença entre fazer isso e produzir relatórios sobre ambos, onde tudo pode ser acessado e explorado pelo marketing. Essa é uma questão se segurança, envolve cultura e também a relação de pais e filhos.
Mas saber o que é o TikTok é essencial. Não adianta muito ler um artigo de opinião que fale e pense por você, sem que você mesmo acesse o conteúdo daquele aplicativo e veja o que é produzido, assim como o que é gradativamente sugerido pelo algoritmo. É claro, vale pesquisar o que é um algoritmo.
Falar inglês é a mesma coisa. É claro que ajuda, mas você não vai ter o mesmo contato com a língua pelo aprendizado assíncrono, proposto por tantos e tantas no Instagram e mais um monte de empresas de fins lucrativos, como o Coursera, em comparação com o acompanhamento constante de uma pessoa especializada em ensino. O professor e a professora de inglês vão te ensinar a caminhar com as próprias pernas, e você precisa de um guia no começo.
Pode-se pensar também no exame de habilitação. Você estuda as normas de trânsito, mas no momento de fazer os testes, precisa demonstrar domínio da direção do veículo com destreza, e se vier a ser aprovado(a) e não respeitar alguma dessas normas, vai ser multado(a). Assim, o estudo é essencial, e a vida real vai te trazer mais aprendizados do que a teoria. Mas todo mundo que trabalha na área vai saber alertar sobre o que se deve evitar.
Proficiência e fluência
A fluência é a liberdade que você tem ao falar. Diferentemente da proficiência, ela indica que você se comunica com relativa facilidade. Por que relativa? Pois são muitos os fatores extra-linguísticos, socioemocionais, contextuais, que afetam e impactam a nossa produção, principalmente no nível da oralidade. Não se pensa somente em pronúncia, mas em pausas, lapsos e erros gramaticais, confusão mental para lembrar de uma palavra, uso indevido de jargões ou expressões de uso corrente, respostas inapropriadas, digressões, cacoetes, entonação diferente do normal da língua, abreviações e fala conectada. Tudo isso está em prática e em teste na fluência.
A proficiência é o domínio do erro. É uma certificação de que você está ciente sobre quais são os requisitos para se falar bem, seguindo padrões estabelecidos internacionalmente, e que se preparou para não cometer erros comuns e inclusive aperfeiçoou seu traquejo com as palavras e frases de modo que tanto a escrita e a leitura quanto a fala e a compreensão auditiva se mostram acima da média num contexto exigente, como um comentário sobre um livro ou uma entrevista formal num programa corporativo especializado.
Assim, ser fluente significa saber lidar com suas próprias falhas. Isso significa que reconhecê-las é parte essencial do processo. O papel do profissional que lhe acompanha é importante de muitas maneiras, inclusive lhe dando apoio para que busque mais informações sobre aquilo que lhe interessa, e lhe parabenizando após uma boa demostração de um debate em segunda língua, o que pode ser um desafio para você.
Todo mundo quer falar. Mas falar bem é muito discutível. Vimos uma onda de podcasts tomar conta das mídias sociais. De repente, todos estavam pedindo por mais informalidade em canais tradicionais da mídia. E a fórmula deu certo, mas os principais criadores e criadoras são pessoas que vieram de seus próprios contextos. Elas ganharam notoriedade e visibilidade (ou como se diz em marketing, “autoridade”).
Saber conversar com alguém de fora não requer muita coisa. Muitos não vão se interessar, e você não vai se interessar por muitos(as). Hoje, escolhemos com quem queremos uma conversa mais íntima (no sentido de compartilhar informações sensíveis, ou até mesmo literalmente) por meio de aplicativos. E com isso, criamos nossos filtros. Mas a juventude faz o mesmo, e precisamos saber o que é melhor para cada um, em qual momento.
Participar do mundo conectado em inglês
Os seus interesses podem parecer muito excêntricos, causar vergonha ou frustração por não encontrar alguém que os compartilhe. Contudo, é justamente aí que entra o papel da língua comum: o inglês permite a conexão. Eu posso postar sobre línguas e ver uma editora seguir meu perfil, pois o conteúdo agradou. É uma chance de se iniciar um diálogo, ou simplesmente uma demonstração de apoio — depende de nós, às vezes. Eu posso postar uma música e encontrar alguém que goste do som, apesar de o meu bairro inteiro ouvir outro tipo de banda (pra quem quiser, estou no Bandcamp). Uma imagem, um meme, um comentário podem ser o início de uma nova amizade — principalmente se for em inglês.
Por outro lado, as discussões da web estão cada vez mais exigentes de leituras aprofundadas e de um certo conhecimento de causa. Não se interessa mais pelas opiniões de formato fechado da mídia tradicional, e se pretende construir uma nova mídia que seja capaz de dizer a verdade crua, e não meias-verdades. Essa é uma tarefa difícil, pois exige acesso à informação em primeira mão. Por isso, no jornalismo, existem tantas fontes colaborativas e troca de informações.
Você pode ser fluente e falar sobre festas, praia, piscinas, martinis, jet skis e hoteis de luxo. Mas a grande maioria de nós quer falar sobre a sociedade, com uma parcela já exausta dos debates e procurando coisas simples como uma boa piada ou um elogio, sinceridade, um papo cabeça. Isso você pode fazer quando for fluente em inglês.
Para saber detalhes sobre o curso que ofereço, visite o link com o programa da Fluência Participativa.